Museu Getúlio Vargas

Museu Getúlio Vargas

Situado em São Borja, o Museu Getúlio Vargas é um ambiente que nos transporta para momentos que marcaram a história política do Brasil. O imóvel abriga belos detalhes decorativos nas paredes, molduras em portas e janelas, que nos revelam a preocupação estética da época. A casa foi construída entre 1910 e 1911 e foi a residência do então deputado estadual Getúlio Vargas, sua esposa Darcy Sarmanho Vargas e dos cinco filhos (Lutero Vargas, Alzira Vargas, Jandira e Manuel Sarmanho Vargas). Nesse mesmo período Vargas participava das atividades políticas locais e também exercia a advocacia. A família residiu no local até 1923, quando o político assumiu o cargo de Deputado Federal, se transferindo para a então capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro.

O museu abriga as lembranças da trajetória pessoal e política de Vargas, contendo um acervo com cerca de dois mil itens. Em reforma ocorrida em 2015, foi construído um espaço externo ao museu para abrigar uma biblioteca com vários documentos do ex-presidente e livros que pertenceram à família Vargas. Esse espaço foi construído com o objetivo de reunir em um único local todo o acervo de Vargas, facilitando assim o acesso ao público interessado em conhecer e pesquisar as relíquias históricas do político. Também durante a reforma do imóvel, foi encontrado no chão, vestígios das reduções missioneiras, com revestimento de pedra Grés, para exposição ao público foi criado uma janela arqueológica.

Getúlio Vargas

Getúlio Dornelles Vargas foi um importante nome na política brasileira no início do século XX. Nasceu em 19 de Abril de 1882 em São Borja, cidade do interior do Rio Grande do Sul, era filho dos estancieiros Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Francisca Dornelles Vargas. Getúlio teve quatro irmãos,  Viriato, Protásio, Espártaco e Benjamim.

Em 1911 Getúlio Vargas casou-se em São Borja com Darcy Lima Sarmanho, com quem teve cinco filhos. Teve sua vida compartilhada entre as atividades políticas e familiares, recorrentemente visitava sua cidade natal e as propriedades rurais da família. A inspiração política começou a brotar durante sua graduação em Direito, na Faculdade de Direito de Porto Alegre, em 1904. Durante o curso, aproximou-se dos ideais castilhistas e do Partido Republicano Rio Grandense, o PRR. 

Formado em Direito, ocupou o cargo de Segundo Promotor Público no Tribunal de Porto Alegre, posteriormente em 1908, elegeu-se deputado estadual do Rio Grande do Sul e abandonou sua ocupação no tribunal. Em 1917, foi eleito novamente ao cargo de deputado estadual e em 1922 deputado federal. Durante o mandato do presidente Washington Luís, Vargas foi ministro da Fazenda (1926 a 1927). Em 1928 foi eleito governador do Rio Grande do Sul. 

Washington Luís indicou para concorrer como seu sucessor o candidato paulista, Júlio Prestes. A presidência da República era exercida mediante um acordo entre estados, conhecido historicamente por Sistema Café com Leite, pois ora era escolhido um candidato da oligarquia do estado de São Paulo, produtor de café, ora um escolhido de Minas Gerais, produtor de leite e derivados. Em consequência disso, a oligarquia mineira, em descontentamento pela indicação de Júlio Prestes, uniu-se à oligarquia política gaúcha, lançando Getúlio Vargas pela chapa Aliança Liberal, como concorrente de Júlio Prestes.

No pleito, a Aliança Liberal foi derrotada, passou a conspirar contra o governo e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. Em meio a essa situação, o vice da chapa de Vargas, João Pessoa, foi assassinado em uma confeitaria em Recife, o assassinato foi atribuído aos opositores políticos e eclodiu então, uma revolta, que ficou conhecida por Revolução de 1930. Washington Luís renunciou ao cargo de presidente, e uma junta governativa convidou Getúlio Vargas a assumir como presidente provisoriamente. Esse fato marcou o início do primeiro mandato de Vargas e o final da Primeira República. Getúlio Vargas foi o presidente que ficou mais tempo no poder ao longo da história do Brasil, de 1930 até 1945, e de 1950 a 1954. 

A Era Vargas

A história considera a Era Vargas o período de quinze anos, que se estendeu de 1930 a 1945, no qual Getúlio Vargas foi o presidente do país. Nesse período, Getúlio Vargas centralizou o poder. Muitos historiadores consideram o Governo Provisório, de 1930 a 1934, como a “gestação” da ditadura de Vargas, a liderança de Vargas foi por anos sustentada pelo carisma que aproximou as massas. O Governo Constitucional, de 1934 a 1937, conhecido por uma política autoritária, enfrentou ferrenha oposição ao governo. Getúlio manteve-se no poder impondo autoritarismo e promovendo o medo da população diante de uma ameaça comunista. 

Em Novembro de 1937 foi anunciado em cadeia nacional de rádio o início do Estado Novo. A ditadura de Vargas foi oficialmente instaurada, o Congresso Nacional foi fechado e imposta uma nova constituição. O golpe civil militar teve apoio de parte da sociedade, devido à propaganda contra o comunismo implantada no país. Nesse período houve aumento da repressão contra atividades políticas e inimigos políticos de Vargas, bem como a censura aos meios de comunicação. Pontos positivos desse período foram as medidas de crescimento econômico, desenvolvimento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criação do Código Processual Penal, também foi responsável pela instituição da carteira de trabalho e do salário mínimo nacional.

Getúlio Vargas eleito Presidente (1950-1954)

Por meio democrático, Vargas se torna presidente novamente em 1950. A perspectiva nesse segundo governo foi a de buscar uma identidade nacional, política econômica nacionalista, estatização de empresas e diminuição da influencia do capital estrangeiro, procurou aproximação com os trabalhadores e o desenvolvimento econômico industrial.

A oposição política exercida pela União Democrática Nacional (UDN) amplia as  dificuldades de Vargas para governar. Cresce a insatisfação e o governo enfrenta pressões por todos os lados. O jornalista Carlos Lacerda liderava essas pressões. Lacerda foi vítima de atentado. O principal suspeito foi o chefe de segurança de Vargas, Gregório Fortunato, o popularmente Anjo Negro. Tal evento ficou conhecido por Atentado da Rua Tonelero, pois Lacerda fora atingido por um tiro nessa rua. Esse evento causou um enorme escândalo nacional, gerando uma crise política e pressão das bases contrárias ao governo.

Vargas sofreu ataques públicos e pedidos de renúncia, perdendo a influência social. O presidente sentiu-se encurralado. Em um dos quartos do Palácio do Catete no Rio de Janeiro, no dia 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas comete suicídio com um tiro no coração, deixando uma carta de despedida, mais conhecida pelo nome Carta-Testamento. A morte do presidente causou comoção nacional, milhares de pessoas se mobilizaram. Opositores recuaram e Carlos Lacerda, principal responsável pela derrocada de Vargas, fugiu do país.

Getúlio Vargas ganhou a alcunha popular de pai dos ricos e mãe dos pobres em virtude de que durante os anos em que esteve no poder criou medidas econômicas, políticas e jurídicas que beneficiaram a população de uma forma mais ampla, como a criação das leis trabalhistas e grandes empresas estatais. O herdeiro político de Getúlio Vargas foi João Goulart, também natural de São Borja e principal aliado. 

Referências

Instituto do patrimônio Histórico e Artístico do Estado- IPHAE. Acesso em 20 de Outubro de 2020, disponível em: http://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item=15643

SILVA, Daniel Neves. Getúlio Vargas. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/getulio-vargas.htm. Acesso em 20 de outubro de 2020.

PILETTI, Nelson; ARRUDA José Jobson de A. Toda a história: História geral e história do Brasil. Editora Ática, 1995, São Paulo.

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